RESUMO
Nesta pesquisa foram investigados os processos pelos quais passam o documento de Registros Ações Ambulatoriais em Saúde (RAAS) em um Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), a partir dos vestígios deixados pelos atores que compõem o cotidiano do serviço. Tendo como orientação metodológica os caminhos propostos pela Teoria Ator-Rede (TAR) de Bruno Latour, buscou-se observar as controvérsias em torno da RAAS enquanto ator não-humano. Para o entendimento da posição da RAAS na rede onde esta pesquisa se situa, é feito um resgate das diferentes formas de registros já utilizadas pelos CAPS e da própria história da Reforma Psiquiátrica Brasileira (RPB), com intuito também de traçar os panoramas de onde parte a pesquisa e a pesquisadora. Durante a investigação das ações da RAAS emergiu a importância de diversos documentos para o processo de trabalho da equipe, artefatos diretamente relacionados ao trabalho dos profissionais do CAPS. A construção deste sentido foi possível a partir da observação de um usuário do serviço, cuja performance também será relatada no trabalho. A partir das investigações feitas em campo foi possível observar a atuação da RAAS em diferentes frentes. Ela se mostrou como auxiliar na organização e manutenção de projetos terapêuticos e provocadora de tensões no processo de trabalhos, chegando a ser citada como gatilho de stress. Um formulário com espaço limitado para dados objetivos e padronizados, a RAAS era utilizada como comunicação de procedimentos entre níveis de gestão, mas essa sistematização servia também aos próprios trabalhadores. A função de comunicação, segundo a gestão local, pareceu ter um desempenho falho, no entanto, este uso é o principal argumento utilizado pela gestão nacional para a implementação da RAAS e dele se valem a Prefeitura Municipal de Campinas e o SSCF para o estabelecimento de pactos e metas de produção. O propósito desta pesquisa foi oferecer maior amplitude no alcance da visão da RPB
